O “vento da mudança” soprou na direção errada

(Lucas Leiroz in Strategic Culture Foundation, 18/06/2024)

Mais de três décadas após o “vento da mudança”, integração entre Rússia e o Ocidente parece ter fracassado.


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Há mais de três décadas, a lendária banda de rock alemã Scorpions lançava uma das canções mais virais de todos os tempos, a famosa “Wind of Change”. A canção narra os sentimentos de uma juventude europeia angustiada e, ao mesmo tempo, esperançosa diante do fim da Guerra Fria e do começo da “integração” entre soviéticos e ocidentais. A letra conta de forma bastante honesta a emoção da união de dois mundos separados por mais de quatro décadas, ainda que visivelmente desde uma perspectiva ocidental.

Em dezembro de 2023, eu estava em Minsk, capital da República de Belarus, quando, durante o jantar, a canção de Scorpions tocou no restaurante e imediatamente todos os russos/belorrussos começaram a cantá-la de forma absolutamente espontânea, como uma reação natural ao som que ecoava da rádio. A cena surpreendeu até mesmo os poucos turistas ocidentais que estavam ali na ocasião.

Mesmo já conhecendo “Wind of Change” há muitos anos, tive naquele momento, pela primeira vez, a curiosidade de ler os comentários nos vídeos da canção no YouTube e outras plataformas sociais. É impressionante a quantidade massiva de comentários em língua russa. Claramente, a canção é amada no “russkiy mir” – o que explica a cena que vi em Minsk.

I follow the Moskva and down to Gorky Park
Listening to the wind of change

Meses depois, eu estava andando pelo Gorky Park em Moscou, em pleno verão russo, diante da atmosfera de alegria coletiva que prevalece na capital russa durante essa estação. Imediatamente, me recordei dos versos da banda alemã, cuja epifania se dá precisamente em um passeio pelo Gorky Park.

Senti por alguns segundos o utópico “vento da mudança” soprando em meu rosto, mas rapidamente retomei a memória recente de três passagens pela zona de conflito na fronteira russo-ucraniana. Imediatamente, percebi que o “vento” narrado pelos alemães soprou na direção errada.

The world is closing in
And did you ever think
That we could be so close like brothers?

Para os corações mais puros no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, o mundo parecia realmente preenchido por uma atmosfera de “mudança” capaz de fazer Ocidente e Eurásia “mais próximos”. Para os corações inocentes, o fim da Guerra Fria representaria o começo de uma era de harmonia e cooperação entre todos os povos.

Esta era, de fato, uma possibilidade. Mas o Ocidente escolheu o caminho contrário. Escolheu, orientado por seu desejo megalomaníaco de dominação mundial, o caminho da confrontação, do ódio e da guerra com a Rússia.

Após a catástrofe política, econômica e social da era Gorbachev-Iéltsin – quando a URSS foi liquidada e a Federação Russa fora fundada já à beira de uma guerra civil -, o jovem Vladimir Putin oferecera à OTAN, inocentemente ou não, a proposta que definiria os rumos dos laços entre Moscou e Ocidente: a possível entrada da Rússia na OTAN.

Obviamente, os EUA, já experientes em décadas de conhecimento da ciência geopolítica (infelizmente, ignorada na URSS como uma “ciência alemã”), rejeitaram a proposta de Putin. Afinal, como poderia a Rússia, o centro do “Heartland”, entrar na aliança atlântica?!

A condição tácita para o acesso russo à OTAN era simples: a Rússia teria de se dividir em dezenas de países, formando etno-Estados fracos e fantoches do Ocidente. Com sua grandeza territorial intacta, a Rússia não dava ao Ocidente uma “garantia de segurança” suficientemente forte para entrar na aliança, já que, a qualquer momento, o maior país do mundo poderia simplesmente deixar a OTAN e se tornar um inimigo, tendo força suficiente para enfrentar os EUA e seus vassalos.

Enfim, Rússia e Ocidente não ficaram “tão próximos” como gostariam os músicos dos Scorpions.

The wind of change blows straight
Into the face of time
Like a storm wind that will ring
The freedom bell for peace of mind
Let your balalaika sing what my guitar wants to say

Muitos fatores impediram que os sonhos utópicos dos músicos alemães se realizassem. Aliás, já na própria letra dos Scorpions, reflete-se alguma mentalidade racista, vendo os russos como um povo “primitivo” e ignorante quanto às inovações culturais do Ocidente capitalista – talvez eles não soubessem que o gênero musical do rock surgiu na URSS e na Alemanha ocidental quase simultaneamente, nos anos 1960, sendo a guitarra elétrica tão comum para os russos da URSS tardia quanto a tradicional balalaica.

De forma ingênua, a canção reflete os pensamentos de uma juventude europeia impressionada com a “descoberta” do mundo russo-soviético, como uma “novidade interessante” para a entediada sociedade ocidental. A dor dos soviéticos que viam seu país ruir nunca fora levada em conta pelos artistas ocidentais – que, embebidos da ideologia dominante, tinham convicção de que fazer parte do Ocidente era o melhor para todos os que estavam no “outro lado do mundo”.

Os ocidentais sempre tiveram uma visão racista e supremacista em relação aos russos, expressa até mesmo nas obras mais inocentes e amigáveis – como esta canção dos Scorpions. Ver os russos como um povo “atrasado” e “primitivo” é um dos princípios básicos de toda a ideologia russofóbica que prevaleceu no Ocidente durante século XX e permanece prevalecendo agora no século XXI. Para a OTAN, assim como para os nazistas históricos (alemães) e atuais (ucranianos), a Rússia é uma terra bárbara, primitiva e ansiosa pela chegada da “civilização ocidental”. Esta mentalidade impediu qualquer diálogo frutífero de paz ao longo dos anos pós-Guerra Fria.

Take me
To the magic of the moment
On a glory night
Where the children of tomorrow dream away

As ambições de dominação mundial e a russofobia – herdadas dos nazistas asilados pelos EUA e pela Europa após a Segunda Guerra Mundial – levaram os países ocidentais a apoiarem toda forma de medidas contra a Federação Russa.  O fomento ao separatismo em áreas como a Chechênia e ao neonazismo no entorno estratégico russo, principalmente na Ucrânia, levaram a sucessivas crises contra Moscou.

A Rússia venceu os separatistas do Cáucaso e neutralizou as ameaças russofóbicas na Geórgia, mas demorou em prestar atenção ao problema ucraniano. Após oito anos de guerra no Donbass, Moscou tomou a acertada decisão de intervir para interromper o genocídio de russos étnicos em Donetsk e Lugansk – e diversas outras regiões de maioria étnica russa.

No Donbass, as “crianças do amanhã” ao lado russo da (então) Ucrãnia não tiveram uma infância lúdica e amável, mas um verdadeiro inferno com aviação, artilharia e drones ocidentais. Com amplo apoio da OTAN, a Junta de Kiev avançou seus planos de “desrussificação” e implementou um genocídio étnico e cultural nas regiões orientais, levando milhares de crianças e civis inocentes ao martírio.

Para as crianças do Donbass, nunca houve qualquer “noite gloriosa” – pelo menos, não antes de 24 de fevereiro de 2022, quando finalmente as forças militares da Federação Russa deram um fim ao genocídio iniciado pelos neonazistas em 2014. Para aquelas crianças, o verdadeiro “vento da mudança” aconteceu precisamente na noite em que os mísseis russos atingiram as bases das milícias fascistas ucranianas.

O que o mundo ocidental chamou de “invasão injustificada”, as crianças inocentes do Donbass chamaram de “esperança” – ou simplesmente de “mudança”. Sem dúvidas, para aquelas crianças, a madrugada de 24 de fevereiro de 2022 foi uma “noite gloriosa” – a primeira desde 1991, quando milhões de russos repentinamente se tornaram estrangeiros em suas próprias terras.

In the wind of change…

Há dois anos, a esperança de cada russo étnico nas Novas Regiões – e em todos os territórios de maioria russa – é a vitória militar de Moscou. Mais do que isso, a esperança na vitória russa se estende a uma convicção de que a derrota do regime de Kiev desencadeará um efeito dominó de mudanças em todo o cenário geopolítico mundial, trazendo uma reconfiguração total da ordem global.

O vento da mudança pós-Guerra Fria soprou na direção errada. O Ocidente nunca fora tão russofóbico como agora. Nunca houve [no Ocidente] tanta demonização e marginalização da Rússia como nos tempos atuais, quando EUA e Europa tentam inutilmente “cancelar” o maior país do mundo. O fim da Guerra Fria e do comunismo, em vez de representar um verdadeiro “vento de mudança”, trouxe consigo o aumento do racismo e do fascismo como armas de guerra a serviço do desejo de poder do Ocidente.

E é precisamente a Federação Russa que agora apresenta ao mundo uma alternativa para mudar [para melhor] o rumo da humanidade. Os ventos que sopraram na direção errada nas últimas décadas agora parecem finalmente favorecer o surgimento de um novo mundo, onde os povos podem finalmente ser mais próximos e amigáveis, através de um sistema mundial multipolar e sem hegemonias.

Resta saber se o Ocidente aceitará o inevitável destino da humanidade.

Fonte aqui.


4 pensamentos sobre “O “vento da mudança” soprou na direção errada

  1. Cito:

    “A condição tácita para o acesso russo à OTAN era simples: a Rússia teria de se dividir em dezenas de países, formando etno-Estados fracos e fantoches do Ocidente. Com sua grandeza territorial intacta, a Rússia não dava ao Ocidente uma “garantia de segurança” suficientemente forte para entrar na aliança, já que, a qualquer momento, o maior país do mundo poderia simplesmente deixar a OTAN e se tornar um inimigo, tendo força suficiente para enfrentar os EUA e seus vassalos.”

    Por que porra de carga de água iria uma Rússia integrada na NATO e na Europa, com gigantescas perspecticas de negócios futuros que só a paz garantiria, tornar-se de repente um inimigo e virar-se contra os seus parceiros naturais de negócio, enfrentando os EUA e seus vassalos e trocando uma paz confortável e vantajosa por um futuro incerto, de conflito estúpido e irracional, sem qualquer objectivo discernível? Continuamos no reino da russofobia não assumida (de tão interiorizada que está), que considera os “pretos das neves” uma espécie de sub-humanos irracionais incapazes de perceber que 2+2=4.

    A vontade de dividir a Rússia em “etno-Estados fracos e fantoches do Ocidente” existe há muito, mas não porque, “com sua grandeza territorial intacta, a Rússia não dava ao Ocidente uma “garantia de segurança” suficientemente forte para entrar na aliança, já que, a qualquer momento, o maior país do mundo poderia simplesmente deixar a OTAN e se tornar um inimigo”, como escreve o autor. O sonho molhado de desmembrar a Rússia tem antes a ver com outro sonho: etno-Estados fracos, misto de bantustões e repúblicas das bananas, permitiriam às corporações “ocidentais” (leia-se “americanas”) apropriar-se, com uma perna às costas, dos enormes recursos naturais que um Estado único e forte, como a Rússia actual, não deixa roubar.

    E paralelamente a esse sonho molhado “ocidental” (mais uma vez, leia-se “americano”) rasteja um pesadelo exclusivamente americano, que cosmética alguma consegue esconder: uma Europa que incluísse a Rússia e os seus enormes recursos seria um colosso que, a prazo, obrigaria a América a suar bastante mais do que actualmente para conservar alguma relevância no mundo, tanto económica como politicamente. Toda a estratégia americana em relação à Europa, muito antes da II Guerra Mundial e da Guerra Fria, teve e tem por finalidade separar a Rússia da Europa e anular esse pesadelo. Toda a política americana em relação à Europa é por isso, desde há muito, uma política contra a Europa. O polaco-americano Zbigniew Brzezinski, guru do pensamento estratégico americano, explica isso muito bem explicadinho em “The Grand Chessboard”. Está lá o programa todinho, com uma franqueza que chega a ser comovente. Basta, aliás, olhar para um mapa e ver a enorme massa continental que junta Europa e Rússia, sem um oceano Atlântico a dividi-las, por exemplo, para perceber isso.

  2. Foi dito claramente que nunca os Estados Unidos poderiam permitir que no território da Uniao Soviética ou em qualquer outro poderia surgir outro bloco que pudesse fazer sombra aos Estados Unidos.
    Claro que isso também se aplicava a União Europeia e só o estúpido americanismo europeu impediu os seus dirigentes de ver onde estava o verdadeiro perigo.
    Claro que a Rússia também levou tempo a perceber o nosso racismo e que nunca seriam aceites como iguais pelos europeus e os seus descendentes do outro lado do mar, gente com séculos de história de pilhagens violações e escravatura pura e simples. Escravatura que durante séculos também lhes caiu em cima até que se começaram a organizar e foi mais difícil caça Los em grande quantidade.
    Foi o não perceber isso que levou Gorbatchev a avançar com a sua “regime change”.
    A União Soviética já tinha negócios com este lado, o seu petróleo e gás eram necessários apesar da retórica dos nossos dirigentes.
    Mas ter o mesmo regime ia permitir negociar com mais conforto e vantagem.
    Iria sobretudo garantir a paz e que nunca mais o país teria de confrontar invasores ocidentais num campo de batalha.
    Até por cá muita gente acreditou que a vida ia melhorar.
    Muita da precariedade que campeava nos Estados Unidos, a indigente prestação de cuidados de saúde era explicada pela necessidade de estarem armados até aos dentes para deter uma possível ameaça Soviética. Um dia aqueles comunistas iriam invadir para lhes roubar as terras e violar as mulheres. Iria acontecer assim que baixassem a guarda. Houve filmes de Holliwood sobre isso.
    Do lado russo deve ter sido um rude despertar quando perceberam que a queda da União Soviética apenss serviu para que o rapace Ocidente tivesse as maos livres para voltar aos velhos hábitos coloniais de substituir o negócio honesto pela pilhagem.
    A pretexto de livrar povos da tirania e exportar a nossa democracia.
    Iraque e Líbia foram vítimas disso mesmo.
    O homem do sexo oral e do saxofone disse logo ao que ia. Os Estados Unidos seriam o “polícia do mundo”.
    So o nosso americanismo primário nos impediu de ver o perigo que isto era. Um pais que se arrogava o direito de invadir qualquer países ou países que lhes desse na gana a pretexto de impor a paz, a democracia e a ordem.
    A Russia acabou a eleger, por via tambem da propaganda ocidental um bêbado sem préstimo que tantas fez que ainda hoje parece mentira a esta gente que nesse tempo de miséria negra, do deixar correr soltas todas as mafias, de frio e fome não tenha acontecido a sonhada divisão da Rússia em bantustoes. Que pudessem, aqueles que tivessem recursos que interessavam, ser invadidos de um a um. Os outros poderiam morrer cheios de piolhos.
    Mas mais ninguém seguiu o exemplo dos chechenos vistos por ca como heróicos resistentes contra as hordas russas.
    Também esses, alicercados num racismo religioso foram armados tanto pelo Ocidente como por máfias locais, cometeram crimes hediondos
    e houve gente a justificar os seus atentados mais sangrentos.
    Muitos russos devem ter ficado a pensar em que azinheira teria esta gente batido com os cornos quando no rescaldo do ataque a escola de Beslan articulistas diziam que tal espelhava as dificuldades da Rússia pois que as crianças resgatadas estavam todas magras.
    E haver gente a justificar esta e outras atrocidades como um ataque a um hospital, o bombardeamento de um bairro inteiro, o ataque a um teatro em Moscovo pelas alegadas atrocidades cometidas pelo exército russo na Chechenia.
    Quando a maior parte desses atentados foram cometidos depois de a Chechenia viver uma independência de facto depois do exército russo, reduzido a indigência por Ieltsyn, ter sido corrido. Podiam ficar por aí mas deixar a Rússia ter sossego não fazia parte do plano dos seus mandantes.
    O que fariam os Estados Unidos se um estado quisesse independencia e atacassem uma escola nas vizinhanças e um teatro em Washington?
    Basta ver como acabou a seita de David Koresh.
    O Ocidente acabou a acolher todos os dirigentes chechenos que ordenada tais atrocidades e ignoraram olímpicanente os pedidos de extradição.
    Quando a Russia optou por fazer o que Israel faz há anos começou a fazer se a grotesca caricatura de Putin.
    Por cá cedo vimos que a queda da União Soviética não ia acrescentar nada a felicidade de quem vivia do seu trabalho. Antes pelo contrário, sem alternativas, os trabalhadores viram os seus direitos saqueados sem grandes demasias.
    Foi o sonho molhado das elites a tornar se realidade. Com um pouco de sorte voltavam se aos velhos tempos em que se podiam castigar servos a chicotada.
    A Rússia lá continuou como uma terra primitiva a ser conquistada e as populações foram domesticadas a continuar a ver ali um inimigo. Que nos iria invadir mais tarde ou mais cedo apesar de agora já nem querer exportar formas de organização da sociedade que pusessem em perigo as elites constituídas.
    Dai as asneiras que tenho ouvido as mesas dia cafés nos últimos dois anos e tal.
    Dai o grande repolho em que estamos metidos e a ser convidados a derreter mais dos nossos direitos e dinheiro em armas que no tempo da União Soviética.
    Vão ver se o mar dá choco.

  3. O texto do Joaquim veio trazer uma lufada de juventude à velha problemática leste-oeste e isso é muito positivo. A velha demonização e inferiorização do urso já é antiga. As ditas democracias sempre o fizeram, o nazismo idem, os impérios também e até a Ordem Teutónica na IM tentou o mesmo. Todos foram derrotados.
    Sendo a civilizada Europa carente de energia e matérias primas, seria lógico ir buscá-las ali ao lado onde é abundante e barata. A sua superior tecnologia tb seria muito bem vinda pelo lado russo. A proposta de um supercontinente de Lisboa a Vladivostok unido pelo comércio e colaboração é das ideias mais pragmáticas e construtivas que se pode imaginar, desmentindo totalmente a alegada demência, loucura e agressividade de Putin. É sim um marco de enorme lucidez. Mas como foi dito, o amigo americano nunca permitiria tal ultrapassagem. Quando a Europa dos valores apoiou os fascismos na Guerra Civil de Espanha, o resultado foi o pior possível. agora não será diferente.

  4. Apoiou também o fascismo português só se mostrando todos muito escandalizados quando os nossos massacres em África foram impossíveis de esconder.
    Como se não andassemos a massacrar há 500 anos e como se não tivéssemos carregado a fundo no acelerador logo em 1960 quando do “para Angola rapidamente e em força” na sequência dos ataques da UPA.
    A suposta retaliacao pelos massacres de colonos levou a soldadesca e os colonos a “varrer o Norte”.
    E também aí houve gente a defender o nosso “direito de defesa” como hoje defendem o traste do Netanyahu.
    Tudo bem que nesse tempo não havia jornalistas que, muitos deles pagando com a vida, transmitem o massacre em directo. Hoje ninguém pode dizer que não sabia.
    Mas era impossível que os serviços secretos e quem lá fazia negócios não soubesse o que lá se passava desde antes de 1960.
    A desumanidade e a crueldade absoluta com que eram tratados os “indígenas”, havendo quem se gabasse de os matar literalmente a pazada.
    Os europeus do Norte e Centro sempre se deram muito bem com ladrões, ditadores e trastes em geral.
    Terminada a guerra mundial, quem em Portugal e Espanha esperou que os “aliados” nos livrassem da ditadura, da fome e da tortura esperou sentado, muitas vezes até morrer as maos dos torcionarios do regime.
    A PIDE recebeu assistência do MI6 como antes recebia da Gestapo.
    Estamos agora admirados que essa gente apoie nazis na Ucrânia e sionistas em Israel?
    Esta gente ia aliar se ao próprio Diabo se este lhes permitisse fazer bons negócios a custa de pilhar os recursos alheios.
    O “vento de mudança” tinha de ter soprado também para este lado fazendo nos abandonar as ideias de supremacia, racismo e querer viver bem a custa da miseria de outros.
    Como não mudou não arrisco prognósticos para este jogo sendo que a ideia de viver num mundo onde só mande quem nos transformou em ratos de laboratório me assusta mais que a perspectiva de ver cogumelos cor de laranja. Porque esta gente não tem decência nem limites para a crueldade e o desprezo pelas nossas vidas.
    Por mim podiam ir todos ver se o mar dá megalodonte.

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